quinta-feira, 10 de janeiro de 2019

Ave, Cristo!


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Da série de romances históricos de Emmanuel (que necessariamente não precisam ser lidos como uma sequência), este é mais um daqueles livros que nos remetem aos tempos dos primeiros Cristãos (se você acha esta época interessante, recomendo O Amor Jamais te Esquece, e os demais volumes). Ambientado na região que concentrava a civilização do mundo naquele tempo (Roma), os personagens estão entre os mais humildes e nobres, ocupando suas posições bem definidas, como determinava aquela sociedade.

Acredito ter lido toda esta série de romances (Paulo e Estevão foi o que mais me marcou), mas todos - a exceção de Renúncia - e posso dizer que são bem parecidos em termos de enredo, época e ambientação; mas isto de forma alguma os torna dispensáveis uma vez que um dos volumes seja lido, pois cada um tem suas particularidades, com cargas emocionais distintas e aprendizados diversos.

Ave, Cristo! apresenta muito fortemente o tema do martírio dos primeiros Cristãos, pouco mais de duzentos anos após a desencaração do Cristo, quando os adeptos de seus ensinamentos ainda eram vistos como feiticeiros ou como uma seita que desvirtuava os costumes e valores da época. Interessante analisar que, ao se colocar nas sandálidas dos Romanos da época, onde uma sociedade muito bem estabelecida e próspera existia, a disrupção causada por Jesus era algo muito revolucionário e difícil de aceitar. Os Romanos da época eram muito criteriosos em termos de divisões e status social, muito cultos e estudiosos e em um abiente perfeitamente bem construído que não demandava mudanças ou revoluções. No entanto, o Cristianismo causou um grande impacto na sociedade da época, arrebatando muitos espíritos, fazendo com que muitos (de diversas classes sociais) fossem conquistados pelos ensinamendos do Cristo, ainda que isto representasse a morte ou sofrimento.

Chama muito a atenção a temática do abandono e reencontro inevitável. Os romances espíritas são muito bons em trazer este tipo de situação. Ainda que desconfiemos que este tipo de evento ocorrerá inevitavelemente - em algum ponto da história - somos pegos de surpresa e a emoção sempre nos encontra desprevinidos. Este livro está recheado de situações deste tipo. Como estpírita sempre vivemos aguardando aquele momento em que algo virá nos confrontar no decorrer da vida de forma que possamos resolver alguma situação que ficou incompleta no passado.

Nos dias de hoje não há martítio ou tampouco sacrifício caso se deseje aderir a esta ou aquela corrente religiosa, tudo é muito simplificado, aberto e tranquilo. Não era o cenário daquela época, onde os adeptos do Cristo eram jogados em arenas para serem devorados em público como razão de entretenimento. Hojé é muito fácil (quero dizer, não exige sacrifício) aderir ao Cristo e seus princípios, mas a reforma íntima - pelo menos para mim - continua sendo uma enorme catedral em constante processo de construção. Sempre tem algo para fazer.

O romance é muito bom.

É interessante ver como os personagens estão de alguma forma ligados através do tempo para reajuste e auxílio mútuo. Não importa quantas vidas, se você precisa e ajuste o Cristo vai te buscar. Renúncia e resignação são temas também fortemente explorados neste livro, natural da natural na doutriba espírita.

Ao terminar de ler este livro, inevitavelmente me pergunto: será que sou o algoz? Será que sou aquele que contribuí para a evolução do próximo? E aqueles que estão ao meu lado, no convívio diário, o que será que nos trouxe até aqui. A beleza da doutrina espírita é permitir que possamos recomeçar, diariamente.

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Pelas Ruas de Calcutá

Certos espíritos (e porque não dizer pessoas) realmente carregam em si uma espécie de experiência diferenciada. Sim, experiência. Não acredito que as diferenças que encontramos entre nós são provenientes de privilégios simplesmente reservados a determinadas criaturas que foram escolhidas para conduzirem uma massa de incautos. Não, não creio. Acredito apenas que estejamos em estágios distintos, uns no jardim, como inocentes crianças que se permitem cometer os erros aparentemente mais absurdos, porém plenamente justificáveis, devido à sua pouca idade e experiência; enquanto outros, já na universidade, avançados em conhecimento e experiência, mas nem por isso tão superiores que não possam aprender com os pequenos.

Assim é Teresa, um espírito que traz uma bagagem incrível, por ter vivido experiências belíssimas em muitos lugares, dentre eles as ruas de Calcutá. Digo belíssimas pois quando entendemos que o amor ao próximo e o desejo de auxiliar desinteressadamente ganham sentido abre-se um novo mundo diante de nós, quando somos realmente capazes de praticar o desapego às coisas materiais e enxergar com outros olhos o que realmente importa.

Confesso que tinha outra ideia a respeito de Teresa antes de ler este livro. Não somente por desconhecer sua história de vida, mas pela imagem da freira dedicada, sempre disposta a ajudar os menos favorecidos e com um olhar carinhoso que estampava em seu rosto a figura de um doce de pessoa, do tipo que dá vontade de sentar ao seu lado e ouvir suas palavras e conselhos, indefinidamente.. No entanto, depois desta leitura, meu conceito se transformou. A imagem de serenidade e doçura não desapareceram, mesmo porque não acredito que possam ser dissociadas da imagem de Teresa, mas pude conhecer seu lado firme e direto, aquele que se pauta pela postura de quem sabe muito muito o que quer (e precisa!) fazer. Certamente este lado incomoda a muitos, que estão em suas casas confortáveis e plenamente indispostos a enfrentar os ambientes que pouco lhes agradam em nome do auxílio aos que realmente precisam.

Como ela diz, é preciso revistar o Cristianismo que se vive nos dias atuais. Muita aparência e pouca ação. Enquanto milhões partem desta vida sem sequer ter tido uma ponta de auxílio dos mais favorecidos e plenamente capazes de, pelo menos, aliviar seu sofrimento.

É preciso ler para entender (ou pelo menos tentar) a profundidade de suas palavras. Não basta oferecer uma ajuda esporádica ou praticar pequenas contribuições financeiras programadas, é preciso que estas palavras sejam plenamente compreendidas por nossos espíritos pois, no amanhã, talvez sejamos nós aqueles que precisem desesperadamente do olhar doce e sereno, e ao mesmo tempo, firme e austero daqueles que se doam e auxiliam com extremo amor.

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Herdeiros do Novo Mundo

Finalizando a trilogia temática de Lucius (Despedindo-se da Terra, Esculpindo o Próprio Destino), em Herdeiros do Novo Mundo o autor trabalha em temas ligados ao comportamento humano, mais especificamente no que diz respeito ao caráter.

Ser honesto e escolher o que é correto em detrimento de vantagens pessoais nem sempre é tão simples para muitos de nós. Em nosso dia a dia frequentemente nos deparamos com inúmeras situações onde somos colocados à prova no que diz respeito ao certo e ao errado, se assim posso dizer. O importante, e relevante, é que a todo momento precisamos tomar decisões que influenciarão nosso futuro enquanto espíritos em constante fase de evolução.

Estamos passando por um período de renovação em nossa casa planetária, e o momento é oportuno para que sigamos por caminhos que nos mantenham em um ritmo evolutivo constante; e porque não crescente? Muitos ainda insistimos em permanecer em posturas e atitudes nada coerentes com este fato (renovação/transição) planetária, ou sequer levando em conta que nossas existências têm um propósito e que precisamos nos alinhar com isto, ou pelo menos refletirmos a respeito e, finalmente, pelo menos tentar mudar de atitude.

Precisamos pensar se estamos com olhos no roteiro evangélico desenhado por nosso querido Mestre Jesus, visando o idealismo, a prática das virtudes do amor e da mansuetude, do arrependimento e da força de vontade no bem. Desta forma, estaremos aptos para permanecermos nesta morada em que nos encontramos, como herdeiros do novo mundo, de modo a seguirmos firmes - e de maneira consistente - a nossa caminhada evolutiva.

domingo, 18 de agosto de 2013

Esculpindo o Próprio Destino

Segundo volume da trilogia temática composta por (além deste) Despedindo-se da Terra (1) e Herdeiros do Novo Mundo (3). Neste livro o autor espiritual aborda as questões relacionadas às responsabilidades que temos quando exercemos cargos públicos (como os políticos), trazendo-nos uma breve visão das conseqüências das atividades ilícitas de pessoas que exercem estas funções que, na verdade, são excelentes oportunidades de remissão de débitos anteriormente contraídos ou a chance de se avançar ainda mais na sua própria escala evolutiva.

Outro tema muito interessante que Lucius nos traz é a respeito do aborto e da ação dos espíritos durante as festas de carnaval. É incrível como pouco nos preocupamos, especialmente quando jovens, a respeito do que acontece no mundo espiritual enquanto muitos de nós estamos nos "divertindo", sem más intenções ou até mesmo inocentemente; no entanto muitas coisas acontecem sem que percebamos, ações e influencia de espíritos que em muito nos prejudicam, individualmente e coletivamente. A libertinagem instituída nestas festas traz conseqüências das mais variadas, desde pequenas desordens a ocorrências mais graves e contração de enormes débitos.

A liberação do aborto está diretamente relacionada a estes dois assuntos. Políticos inescrupulosos, diretamente influenciados por espíritos que se mantêm em freqüências nada nobres, propõem leis que tornam legais a pratica de atentados contra a vida, apoiando-se em argumentos relacionados à saúde pública e a individualidade no que diz respeito ao livre arbítrio. Afinal de contas, até onde pode ir o Estado ao determinar o que devemos ou não fazer? Muitos questionariam. No entanto, não se trata de interferência do Estado, como legislador, no livre arbítrio das pessoas, mas sim uma questão de ordem e civilidade, mesmo porque caso as pessoas queiram cometer o crime do aborto isto ainda será possível, a diferença é que será feito às escondidas, como é feito atualmente. E as conseqüências serão assumidas pelos envolvidos.

O câncer também é abordado na obra como favorecedor e impulsionador (assim como várias outras doenças) para a evolução do espírito. Imagino que não seja fácil ter que lidar com doenças desta natureza, precisamos de amadurecimento espiritual para isto, e é justamente a proposta do autor espiritual ao nos trazer à luz o assunto.

Assuntos bem polêmicos e que dão motivo para muitos debates, mas é fundamental que tenhamos a consciência de que precisamos lidar com cada um deles. Também não podemos esquecer que, neste exato momento, estamos esculpindo o nosso próprio destino.

sexta-feira, 29 de março de 2013

O Fim da Escuridão

Continuação da trilogia O Reino das Sombras e início de outra série (Crônicas da Terra), este volume traz informações a respeito de reurbanizações extrafísicas e de questões relacionadas ao período de transição em que estamos vivendo nos dias atuais, quando do juízo que se aproxima; mas não se trata de um julgamento final onde estaremos em um tribunal e seremos condenados ou absolvidos de acordo com o que fizemos durante a vida, o assunto em voga é um pouco mais polêmico e diz respeito aos espíritos milenares e opositores da política divina do Cristo, do amai-vos uns aos outros. Não que o juízo entre os encarnados não tenha importância, mas este livro trata especificamente destes espíritos que insistem e recusar-se em atender o apelo de Jesus, mesmo após várias oportunidades e chamados.

Isto não quer dizer que estes espíritos, que já tiveram suas experiências na carne (ainda que tenha sido a muito tempo atrás), serão esquecidos pela espiritualidade, o que muitos entre nós ainda infelizmente acreditam, mas que estes espíritos continuarão sendo muito queridos e amados, especialmente por Jesus, que envia seus emissários para que continuem buscando resgatá-los das sombras onde insistem em permanecer. Muitos deles sequer conseguiriam retornar à Terra devido ao seu baixíssimo padrão vibratório, que impede que uma mulher sequer inicie uma gestação tendo-os como feto em seu ventre. Sendo assim, certamente estes espíritos devem continuar suas jornadas em outros planetas, de natureza menos evoluída do que a Terra. O que pode parecer uma espécie de castigo na verdade trata-se de uma nova oportunidade de recomeço, de forma que eles possam utilizar seus conhecimentos milenares para contribuir com o desenvolvimento de sua nova habitação e de seus companheiros de jornada que lá também habitarão.

Conhecer as sombras, e nosso próprio lado sombra, é fundamental para que nos firmemos na luz.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Almas que Voltam

Almas que voltam é mais um belo romance de Fernando do Ó. Neste volume a história se desenvolve em duas partes, a primeira no plano espiritual onde o personagem principal, torturado por sua conduta inadequada em existências passadas, passa por um período de sofrimento e aprendizado, com o objetivo de adquirir força e resignação suficientes para que sua próxima passagem na terra seja bem aproveitada e que suas faltas sejam, ao menos, parcialmente resgatadas.

Passar por um período de provação, onde seus acusadores permanecem lembrando seus erros cometidos e o bem que deixou não foi nada fácil; em seguida veio o maior juiz de todos, a consciência, que se encarrega de trazer à tona todas as faltas de forma clara e viva, sem que nada fique para trás.
Este julgamento é infalível e nada pode nos fazer escapar dele, e além disso, sua eficácia é incomparável.

A segunda parte do livro narra a encarnação seguinte de Paulo, nesta oportunidade como um retirante no Nordeste Brasileiro nos anos 1900.

Sempre me chama a atenção como escolhemos as provas pelas quais nos propomos a passar (claro, quando estamos aptos a fazê-lo) e, quando encarnados, facilmente sucumbimos às dificuldades que encontramos, mesmo as não tão complicadas. Realmente não é tão simples compreender as razões que nos levam a enfrentar tais dificuldades, mas a resignação e a referência nos ensinamentos do Cristo faz com que as provas sejam suavizadas e as dores minimizadas.

Paulo, desde jovem, enfrentou grandes dificuldades, a começar pela perda dos pais no sertão. Apesar da sua sorte aparente ao ser escolhido para trabalhar e uma usina de cana de açúcar, é neste ambiente que ele enfrenta suas provas mais duras. No entanto, ao ler o romance podemos assimilar várias lições para o nosso proceder, e podemos perceber que as nossas dificuldades nem são assim tão grandes como fazemos parecer.

Uma história que nos prende do início ao fim, como os demais livros de Fernando do Ó, Almas que Voltam é de uma vivacidade tão intensa que nos causa a impressão de estarmos participando da história em alguns momentos. Ótima leitura.

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Mediunidade: Desafios e Bençãos

Nunca é demais lembrar da responsabilidade de que se está investido quando se tem a faculdade mediúnica mais, digamos, desenvolvida. Não se trata de um privilégio, mas de uma grande oportunidade. No entanto, infelizmente nem todos que se encontram nesta situação levam o fato em consideração.

Divaldo Franco, pelo espírito de Manoel Philomeno de Miranda (autoridade quando o assunto é obsessão) nos traz esta belíssima obra, com excelente estruturação e grande variedade de temas relacionados à mediunidade. Não há dúvida que O Livro dos Médiuns, de Allan Kardec, é a principal referencia no que diz respeito ao assunto, mas esta obra fornece ao leitor mensagens muito bem distribuídas e com uma riqueza ímpar. Os capítulos finais tratam de assuntos relacionados à obsessão e mediunidade (assunto de pleno domínio de Manoel), e por isso são um pouco mais extensos, onde o tema é desenvolvido com a excelência habitual, já verificada em outras obras do mesmo espírito amigo. Destaco o capítulo 18 (Obsessão Narcisista) que traz considerações a respeito do transtorno obsessivo compulsivo, relacionando-o com a obsessão por fascinação, narcisismo e o exercício da mediunidade; excelente tópico para estudo, além de ser muito atual. Me arrisco até a dizer que em nossa sociedade corrente podemos verificar muitos exemplos deste comportamento. O autor espiritual fornece informações preciosas a respeito do tema neste capítulo e nos demais, por meio de uma linguagem de fácil entendimento e assimilação. Excelente material para estudo do assunto.